sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Lítio

Lítio

Queria sorrir, sair, me distrair
Gritar, chorar, desaparecer
Cansei das pílulas anti-psicóticas
Ninguém percebe o que tenho
Não tenho mais forças para
Lutar contra essa dor invisível
É como se eu me fragelasse
É como se fosse um sacrifício
Nada mais é harmonioso
Nem as lágrimas que me tocam o rosto

As orações não surtem mais efeito
O sangue que escorre por minhas narinas
Misturam-se às minhas lágrimas
Queria alguém para me ouvir,
Mas ninguém é capaz de me entender
Me sinto numa caminhada solitária
Por ruas frias e vazias
Num ambiente de densa escuridão
Perdido e reduzido à forma de poeira
Que se esmaece ao vento

Queria que minha amnésia fosse constante
Meu desejo auto-destrutivo é intenso
Nada mais me importa
É como se o chão fossem como nuvens
E facas e agulhas, oceanos.
Não consigo compreender mais nada
Mesmo que sejam as coisas
Mais simples existentes nessa vida
Estou diante de um espelho
E tudo o que vejo está morrendo





Pipo Sotero

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