sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Lítio

Lítio

Queria sorrir, sair, me distrair
Gritar, chorar, desaparecer
Cansei das pílulas anti-psicóticas
Ninguém percebe o que tenho
Não tenho mais forças para
Lutar contra essa dor invisível
É como se eu me fragelasse
É como se fosse um sacrifício
Nada mais é harmonioso
Nem as lágrimas que me tocam o rosto

As orações não surtem mais efeito
O sangue que escorre por minhas narinas
Misturam-se às minhas lágrimas
Queria alguém para me ouvir,
Mas ninguém é capaz de me entender
Me sinto numa caminhada solitária
Por ruas frias e vazias
Num ambiente de densa escuridão
Perdido e reduzido à forma de poeira
Que se esmaece ao vento

Queria que minha amnésia fosse constante
Meu desejo auto-destrutivo é intenso
Nada mais me importa
É como se o chão fossem como nuvens
E facas e agulhas, oceanos.
Não consigo compreender mais nada
Mesmo que sejam as coisas
Mais simples existentes nessa vida
Estou diante de um espelho
E tudo o que vejo está morrendo





Pipo Sotero

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Setembro / Novembro

Hoje eu acordei e mais uma vez não quis levantar da cama, mas só que tudo estava diferente. Eu não queria sair de casa, o sol que brilhava não chamava minha atenção. Minha alegria e motivação tinham desaparecido. Tentei pensar em meus amigos, mas tinha algo que os repulsavam de minha mente, como se uma força os afastassem da minha mente profana. Até então tudo bem, eu já tinha passado por isso, durou dias, semanas e meses. O curioso é que sempre acontece na mesma época do ano, um período que se estende de Setembro até meados de Novembro.
A insónia é constante, e desanimo aparente e minhas oscilações de humor são bastante pereceptíveis, mas eu não consigo explicar qual o verdadeiro motivo. Meu problema é sério, mas quase ninguém percebe. Poucas pessoas me perguntam se estou bem, o que houve para eu ter uma mudança súbita de humor e simplesmente eu não consigo explicar, por isso minhas respostas são sempre as mesmas: "sim, estou bem!"
Não há remédio para essa dor que sinto, minha mente passa por um transtorno existencial e as idéias variam entre o bem e o mal, tendo uma maior ênfase à coisas fúnebres, pondo em cena toda minha criatividade para realizar péssimas ações repelidas pela falta de atitude que também é causada por essa incrível instabilidade Psico-emocional.
Tomar pílulas não mais adiantará, pois meu corpo já está saturado de medicamentos de efeitos momentâneos, causantes de um falso conforto e bem-estar. Rivotril já não é mais uma solução eficiente, seu efeito é satisfatório, mas meu mal se tornou capaz de burlar suas ações extinguindo todas suas vulnerabilidades, tornando-me um prisioneiro da minha tempestade mental.
(sic)



Ec Sotero

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Setembro

Vem aqui, preste atenção.
São tantas as coisas
que eu quero te dizer
Te ver sorrindo é tão bom
Eu me deixa mais tranquilo

Pouco tempo se passou,
Mas as lembranças
Serão eternas
Como a da chuva e do sol
Naquela tarde de setembro

Tanta gente que passou
Na minha vida, na sua frente
Na sua mente eu tento me abrigar

Por que eu só quero te dizer
Que eu menti quando te disse
Que eu ia embora e te deixar aqui sozinha

Eu adimiro sua vontade
E inteligência fora o comum
Que me encanta
Com a força
E às vezes, persistência

Me acostumei com seu sorriso
O seu olhar, a sua voz
Muitos detalhes,
Às vezes bobos
Que com o tempo descobri

Eu só quero te dizer
Que não vou mais te ver chorar
Eu vou lutar e não mais deixar

Uma lágrima te tocar
Eu te prometo que farei o melhor
Pra te ver feliz...




Pipo Sotero

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Perto de mim

Não quero ser igual aos outros
E repetir tudo o que eles fazem
Já te mostrei o quanto sou diferente
E vou provar que posso ser melhor

Sei que não é fácil, mas ou fazer
Com que tudo continue assim
Tão bem, tão suave
Como no dia que te conheci,

Estou lutando para não parecer
Tão sentimental assim,
Mas eu sei que não importa
O quanto eu me esconda

Você sempre adivinha
O que eu quero, o que sinto
Como se você pudesse me ver
E ouvir minha voz te chamar

Pra perto de mim

Não vou chamar mais o seu nome,
Mas só você vai ver o que eu fiz
Quando no escuro me senti só...


Pipo Sotero

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Méprise-moi


Todos os meus pecados estão escritos em minha pele
E a alegria do seu sorriso está em minha tristeza
Você não consegue esconder nem o menor dos segredos
E eu não consigo mentir nem q que seja para viver.

Venho caminhando e sofrendo desde o primeiro passo
E você se importa até se cair uma gota do seu suor
Minha depressão alimenta seus funebres desejos,
Pois todos os venenos já passaram por meus lábios.

Tudo o que desejo é apenas um ar diferente para respirar
Porque seus limites fazem de tudo para me corromper
Você furtou todos os meus poucos momentos de felicidade
E expôs ao mundo uma falsa imagem de auto-estima.

Méprise-moi encore une fois

Hoje eu me sinto livre, mas não o suficiente para ver o sol brilhar
Ou para ver a chuva cair
Sinto meu coração bater e o ar em meus pulmões
Tenho fortes dúvidas se estou vivo de verdade
Ou se tudo não passa apenas de um sonho
O qual ainda não acordei, pois estou sentindo falta das partes boas.

Méprise-moi encore une fois.



Ec Sotero

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

No quarto

Trancado,
No quarto, sentado
Noite, linda, terna
De beleza eterna
Sobre meu telhado
Gotas se chocam
Sem dó nem piedade
Sinto na pele
O frio que para a cidade
E seu perfume que cala
Me invade o corpo
Como a Lua que venero
Sim, a minha musa
Que canta, grita me fala
Sem deixar-me ouvi-la
Sem ouvir minha suplica
Para que entre as nuvens
Não desapareça
Não desapareça!
Pois és tu,
A Luz que me guia
Nessa vasta nébula
Obscura de uma paixão
Que cega-me os caminhos
Os sentidos, os sentimentos
Fazendo-me esquecer
Por onde deveria eu sair
Se é ainda que existe uma saída...





Ec Sotero



Sem título

Queria sair do lugar
Mas meus passos
Me levam a lugar nenhum
E quando quero falar algo
Você não entende
As palavras que saem de minha boca
São como poeira num vidro
Se você pasar a mão, ela sai
Mas de alguma forma
Ficará em você, nas suas mãos
Até que você as lave
Essa é a forma da qual consigo
Fazer parte de você
Mesmo você não lembrando
Nem mais do dia que te fiz sorrir
A única vez que você sorriu

domingo, 11 de setembro de 2011

Há 10 anos

Há exatos 10 anos, eu era apenas um adolescente com a cabeça à mil, com um cérebro hiperativo e impulsivo, descarregando todos os meus pensamentos e idéias em desenhos, músicas e poesias. Eu era só mais um jovem que se encantava com histórias de ação, que saia pelas ruas para jogar bola com os amigos, eu era alguém que admirava com paixão os animes assim como alguns mangás, eu era um garoto que ria livremente ao assistir filmes de comédia, enfim, eu era alguém que não tinha medo de viver, não me importava em ser feliz, pois a felicidade era algo que estava sempre presente em mim e nas pessoas ao meu redor.
Há exatos 10 anos, eu era um garoto que se entediava horas antes de ir ao colégio, mas que fica aliviado ao ver meus colegas de classe para juntos podermos conversar durante a aula e no recreio, sair perturbando o juízo de outros alunos, bem como os dos zeladores da escola sem imaginar ou me preocupar com o que poderia acontecer depois de 10 minutos, pois nada nos amedrontava.
Há exatos 10 anos, eu era apenas um garoto em frente à TV, esperando começar meu desenho predileto, mas naquela manhã ensolarada de 11 de setembro, lembro como se fosse hoje, parecia ser mais um dia normal, mas era um dia diferente em minha vida, na vida de todo mundo, pois todas as atenções se voltavam para um prédio em chamas, que liberava imensas nuvens de fumaça. Todos se perguntava o que era aquilo e o repórter na TV se quer sabia explicar o que tinha ocorrido realmente até o momento em que um outro avião se chocou com o outro prédio.
"Foi um acidente aéreo!" - Assim todos imaginavam no momento. Mas um acidente premeditado certo?
Várias coisas se passaram na mente das pessoas, tanto dos adultos, quanto dos garotos como eu, que por sua vez tentavam achar alguma explicação para tudo o que víamos naquele instante. Era tudo tão estranho, proporções enormes, algo meio que surreal, talvez um fruto de nossa imaginação alimentada por cenas impactantes de filmes de ação, porém aquilo tudo era real, era só mais um episódio de nossas vidas. Não imaginávamos que era um capítulo que mudaria para sempre a maneira de como enxergaríamos o mundo, pois a partir daqueles supostos ataques, passamos a conviver com medo, medo de nossa sombra, medo do próximo, medo impulsionando pelas mentes poderosas que de fato dominam esse mundo. E era isso o que eles queriam implantar em nossas mentes, aos poucos foram conseguindo, inventando a cura para uma doença inexistente e pobres foram aqueles que se deixaram contagiar.
Há exatos 10 anos, eu era apenas mais um garoto que junto à todos, viu o mundo seguir um novo sentido, tomar um novo destino, mudando assim todos os nossos hábitos, costumes e maneira de interagir socialmente e sentimentalmente.
E à 10 anos somos o que somos hoje. Vivendo sem saber o que é verdade ou o que é mentira. Somos apenas pessoas dominadas pelo medo e insegurança, pessoas que morrem com os rumores de medo e pânico, pessoas frágeis e que exibem à frente um sorriso fraco e sem brilho diante desse poço de lágrimas em que vivemos, que se quer ainda achou uma conclusão para suas promessas não cumpridas e que se quer encontrou uma resolução para todas as mentiras que fizeram-nos engolir.

sábado, 10 de setembro de 2011

Um pouco de você

Olhe-me nos olhos
Deixe-me lhe dizer o quão estou descontente contigo
Não pelos seus atos e sim pelo o que você é
Seu jeito falso e hipócrita
Isso é o que enxergo quando olho seus olhos
Tristes atrás da máscara que sustentas
Onde dizes que sua vida é perfeita,
Mas que na verdade de uma ilusão não passa.
Olhe-me nos olhos...
Ah, que vontade de sorrir quando vejo-te assim
Tão desolada e de sorriso artificial nesse rosto
Nociso e de alma amarga
Como o veneno impulsionado por suas palavras
Dignas de uma mentira, incomparável
Assim como você...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Desabafando com Loucura


Foi abrindo os olhos que eu percebi que tudo não passou de um sonho, que nada do que tinha acontecido era surreal.
A loucura era verdadeira, a insanidade corriqueira.
O que me parecia mais um sonho não passava de uma enfermidade mental, mas tudo ao meu redor me fazia acreditar que eu era normal.
Mas as coisas realmente não eram como eu queria, os gritos, os risos, os passos o pavor, tudo aquilo era a verdade que me arrastava cada vez mais para fora desse mundo, mundo esse que eu se quer o conheço, pois tudo é mais claro, alto, nítido e brilhante, a ponto de ofuscar meus olhos e espancar meus ouvidos com toda essas ondas que me causam temor.
Ahhh nobre loucura! Volte a mim! Não aguento viver assim como os outros, com suas regras, desejos, e sentimentos!!
Arrebate-me de volta para meu mundo! Cansei de viver aqui!
Será que você não entende que sem você eu sou um nada?
Eu sou só mais um nessa multidão de escrupulosos!
Posso te garantir que meu desejor de morrer, desencarnar nunca foi tão grande!
Leve-me de volta para meu quarto de paredes alvas e acochoadas, pois é lá q ue me sinto bem!
Deixe-me gritar, berrar, exclamar, me jogar contra a parede e chorar sobre esse chão que me parece sólido!
Traga-me de volta meus remédios, minhas drogas aluncenógenas, quer sentir minha alma sair desse corpo por incessantes minutos e ver aquele mundo distorcido que tanto me encanta!!
Sangue! É tudo o que vejo!
Entendeu agora o que eu sou?
Entendes agora quem eu sou?
O que eu quero!!!




Sotero