sábado, 13 de novembro de 2010

Paranóia

Duas horas da manhã. A escuridão ainda reina pela noite.
O silêncio não é mais absoluto, quebrado pelo som das
gotas da chuva que estalam ao se chocar no chão.
Mosquitos voam, deliberando seu zumbido irritante
aos nossos ouvidos em busca de sangue,
nosso sangue para assim então não vir a sucumbir.
As gotas assim como os zumbidos são perturbadores,
dignos de uma sessão de tortura.
Enlouquecedor! Enlouquecido!
Procuro por algo que prenda minha atenção,
mas tudo o que encontro me repulsa,
fazendo-me sentir ignorado, esquecido.
Numa tentativa de atrair o sono, começo a escrever
tudo o que penso, mas as palavras que saem de forma
dolorosa do meu crânio tomam um rumo contrário ao meu desejo.
Palavras sem nexo. Frases inacabadas. Pensamentos imperfeitos.
As palavras que tento usar para me fazer dormir,
fazem-me sentir seduzido pela Insônia.
Noite a dentro, eu e ela, juntos como um só.
Relações atordoadas, doentias...
Rolo pela cama, fecho e abro os olhos.
Me sinto cada vez mais íntimo dessa agripnia.
Me sinto cada vez mais perdido na imensidão
desse desespero suave.
Pergunto-me até quando essa angústia vai durar,
angústia essa que parece infinita.
E se isso fosse um jogo, eu já estaria derrotado,
pois inutilmente tento lutar contra uma coisa que é
infinitamente mais forte do que eu.
Paranóia!


Pipo Sotero

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